Por Arthur Franco
Quando Gustave Flaubert publicou Madame Bovary em 1857, a
obra foi considerada escandalosa. Ao retratar a vida de uma mulher burguesa que
se casa e logo vê a sua vida apática e sempre no marasmo, o autor incitou
graves críticas à sociedade da época.
A Madame do título é Emma, uma mulher sonhadora, que gosta de
livros de romance e acredita que se apaixonar é uma grande aventura. Através da
literatura a moça conheceu outros mundos, outras realidades, amou, odiou,
sentiu intensamente. E assim esperava que fosse a sua vida. Encontra um marido
em Charles Bovary, um médico de província que a ama mais do que tudo e faz
todas as suas vontades. Entretanto, o amor de Charles é proporcional ao tédio que causa na mulher. Emma sente-se entediada ao extremo com o marido, com a
casa, com a sua vida. Nem mesmo o nascimento de sua filha lhe desperta emoções.
Afundada na agonia e no desejo de aventura, ela parte então para o adultério,
onde encontra satisfação momentânea. Mas Emma nunca está plenamente satisfeita
com o que tem.
Madame Bovary é considerado um clássico da literatura, tanto
pela sua linguagem quanto pela inovação do enredo. Ao tratar de temas como
adultério e suicídio, além de tecer severas críticas a burguesia e aos seus
costumes, Gustave Flaubert chocou o mundo, mas ao mesmo mostrou que o pensamento
antigo, da mulher quieta, submissa e sem grandes aspirações, já era passado.