terça-feira, 7 de agosto de 2012

Fronteiras da ficção.


Por Arthur Franco

Uma vez ou outra aparece livros que geram polêmicas e são até mesmo barrados em alguns países. Seja por motivos religiosos, sociais ou políticos, certas obras tem o dom de “colocar o dedo na ferida” de uma parcela da sociedade. A trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman, é um desses casos.


A Bússola de Ouro, A Faca Sutil e A Luneta Âmbar são três obras lançadas entre 1995 e 2000 e que levantaram opiniões negativas de diversos grupos cristãos. A história do primeiro livro acompanha Lyra Belacqua, uma garota de 12 anos que mora na Inglaterra. Entretanto, o universo de Lyra não é como o nosso. Lá, a alma das pessoas fica do lado de fora do corpo, se manifestando na forma de um animal, sendo essa manifestação chamada de Daemon. As crianças de Oxford começam a desaparecer misteriosamente, e cabe a Lyra tentar descobrir quem está por trás dos raptos. Nessa jornada ela encontrará bruxas, ursos de armadura, aeróstatas e contará com a ajuda de um instrumento poderosíssimo, a Bússola de Ouro.  Já em A Faca Sutil Lyra conhece Will Parry, um garoto do nosso universo que acidentalmente cai no universo paralelo. De posse de uma faca que pode cortar qualquer coisa, até mesmo brechas no tecido do espaço, Lyra e Will se unem para tentar descobrir o que é o Pó. No último livro Will e Lyra,com a ajuda de dois anos, têm de descer ao mundo dos mortos para tentar para o Pó e impedir que o vilão da série mate Deus, conhecido como A Autoridade.

Por abordar Deus como um ser que pode ser facilmente morto e retratar o mundo dos mortos de uma forma diferente daquela da Bíblia, Pullman recebeu diversas críticas de grupos católicos. No último livro vemos Deus como uma criatura tirânica e que não construiu o universo. O mundo dos mortos é um local terrível para onde todas as almas vão para passar o resto da eternidade sofrendo. Além disso, a crítica a Igreja é evidente. Em diversas passagens Pullman fala de como a Igreja controla e destrói tudo de bom, de como as pessoas que foram contra os ideais religiosos foram sendo calados ao longo da história da humanidade.


A coleção é fascinante. O leitor fica curioso com qual será o próximo passo da protagonista, além de que Pullman constrói um universo intrigante e muito bem arquitetado. Cada personagem tem sentimentos humanizados e dilemas típicos de todo indivíduos. Independente das críticas, o autor construiu uma obra certamente magnífica.  

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